Saúde

A busca exagerada pela beleza

julho 05, 2013 Patrícia Maria Buarque Cavalcanti 0 Comments







Cirurgião plástico discute os excessos praticados por quem quer ser belo, acima de tudo.
 
    Em primeiro lugar, não existe uma definição de beleza. Muitos dizem que é a harmonia e a perfeição de formas, um tema recorrente desde os tempos mais antigos, como o pré-socrático, onde a beleza era definida de forma matemática, baseada na famosa proporção áurea. O conceito era caracterizado por uma constante real algébrica observada em algumas partes do corpo humano e principalmente na arte que ditava o que era o belo, como pode ser encontrado na famosa obra de Leonardo da Vinci, Monalisa, que é baseada nessa constante, tanto nas relações entre o tronco e a cabeça como nas suas proporções faciais; ou mais recentemente, quando passam a  existir padrões estabelecidos como o "ideal clássico" ou "beleza clássica". Então, dentre as milhares de definições do, talvez, indefinível tema que é a beleza, essa pode ser determinada por algo imposto pela sociedade em que se vive, devendo ser uma combinação de fatores que impressionam favoravelmente a visão ou outros sentidos, sendo algo fácil de identificar quando ela está a nossa frente.
     A beleza transcende todos os círculos, sendo ela, muitas vezes, ligada ao poder. Com essa predeterminação da nossa sociedade, implantada desde a infância nas meninas (as princesas e a Barbie, por exemplo) onde o bom é ser bela, as belas é que são as bem sucedidas. A partir daí, vem junto um bombardeio de tratamentos "milagrosos", cremes que prometem corpos perfeitos, face sem rugas ou manchas, isto é, a verdadeira fonte da juventude, tema de várias discussões, documentários, filmes e debates. 
    Ainda são oferecidos tratamentos "empíricos", sem nenhum embasamento científico, onde os proponentes não estão preocupados com a saúde da paciente e sim com suas contas no final do mês. Porém, o que as mulheres não conseguem vislumbrar é que, quando se jogam de cabeça nesse mundo paralelo da busca exagerada pela beleza, estão fazendo muito mal a si mesmas, pois nunca estarão satisfeitas, deixando a sua autoestima cada vez mais baixa. A mulher acaba virando escrava da busca pelo ideal imposto pela sociedade, não medindo forças para conseguir o que seu imaginário está buscando. Muitas vezes pode-se iniciar um círculo vicioso sem fim.
    E é aqui que entra o papel do cirurgião plástico, que tem como base na sua formação a medicina acima de tudo e que lida com a beleza no seu     cotidiano. "É nesse momento que é necessário escutar os anseios de nossas pacientes, sim, porém não executar tudo que elas nos pedem, e, ainda, explicar as limitações que existem. A nós cabe manter o equilíbrio e mostrar o melhor caminho para que as pacientes não caiam em ciladas", afirma o cirurgião plástico Dr. Marcio Castan. Segundo o médico, é obrigação do profissional saber oferecer para o paciente um tratamento onde ele possa "envelhecer" com saúde, um envelhecimento natural, controlado, não causando prejuízos para sua imagem, como acontece na busca constante pela juventude. 
   Dr. Marcio acredita que o tratamento para evitar o aparecimento dos sinais do tempo devem ser iniciados desde muito jovem, quando os ventos conspiram a favor. Geralmente, a primeira crise de idade é quando as mulheres atravessam da adolescência para a vida adulta, quando ainda são muito jovens, porém devem começar a dar base para o seu envelhecimento adequado. Então, para esclarecer o que deve ser aplicado em cada faixa etária, Dr. Marcio lista abaixo algumas dicas:
 
 
Faixa etária
Tratamento
20-30
Uso de protetor solar adequado, hidratantes adequados ao seu tipo de pele, beber bastante água e manter uma alimentação saudável, longe dos fast foods.
 
30-40
Procedimentos menos agressivos para suavizar o envelhecimento, como o a toxina botulínica, microagulhamento algum peeling para suavizar alguma cicatriz de acne ou mancha da pele, sempre lembrando que o tratamento de base iniciado aos 20 anos não deve ser deixado de lado.
 
40-50
A intervenção passa a ser mais "agressiva" com uma hidratação intradérmica, um peeling mais profundo, uso de cremes com substâncias para além de hidratar tentar tratar algumas rugas que comecem a surgir como o syn ake (uma proteína extraída do veneno de uma serpente que age como um botox like, amenizando rugas através da "paralisação" em proporções adequadas da musculatura).
 
50+
Aos 50 anos, a hora é de pensar em procedimentos cirúrgicos para devolver a graciosidade de algumas áreas que podem ter se perdido no caminho, como a blefaroplastia (cirurgia nas pálpebras), deixando um olhar mais jovem e aprazível para quem vê e, talvez, começar a pensar em alguma espécie de lifting, nunca esquecendo que cada caso é um caso particular e que a Medicina não é uma ciência exata onde todos envelhecem da mesma forma e ao mesmo tempo.
  
 
"Não devemos esquecer que a busca pela beleza pode ser alcançada com um conjunto de mudanças no cotidiano e não passam necessariamente por procedimentos milagrosos como muitas vezes são propostos", finaliza Dr. Marcio. Afinal, existe beleza maior do que melhorar a naturalidade contida em cada um?
 
Fonte: Dr. Marcio Castan - Cirurgião Plástico - Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Pós-graduado em Dermatocosmiatria
 



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